Em minhas mãos, um dia segurei um santo de vidro.
Depositava fé a um santo de vidro.
Transparente, parecia ter sido feito assim de propósito.
Para que de forma fácil, víssemos a sua alma.
Os meus acabrunhados amores eram ditos só para ele.
Também não esquecia de dizer as minhas petulantes paixões.
E ele parecia entender o que minhas palavras não diziam.
E era o que de fato eu pensava.
Como eu disse, em minhas mãos já segurei um santo de vidro.
Mas ele dessas mesmas mãos caiu!
Despencou assim, tão facilmente, tão fragilmente.
Se partindo em pedaços, e esses ao baterem outra vez ao chão,
se quebravam pela ultima vez.
O chão começou a sangrar, mas quando olhei melhor,
eram os meus pés que estavam a chorar.
No desespero pus a me ajoelhar.
E senti a suposta dor que o santo estava sentindo.
Mas o santo não chorava, eu sim!
Em um ato de esperança, reunir os cacos do meu santo.
Já estava suando frio, pálido por está ferido.
Ferido por dentro.
Não tinha mais jeito, não tinha fé que o fizesse voltar a ser como antes.
As lágrimas secaram, as feridas cicatrizaram.
E aprendi que como o santo de vidro, podemos nos quebrar.
Mas agora tenho um santo de ferro.
Esse não precisa ter muito cuidado.
O problema é que esse santo não me traz confiança.
Não consigo enxergar a sua alma.
Zé Araújo
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