O que sou eu

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Sem caneta e sem papel, uso de mais tecnologia para exibir - para quem quiser ler – os meus pensamentos. Sou o criador deste blog e me chamam de Lima Araújo. Obrigado!

OBS: Opa meu caro leitor, venho aqui avisar que não permito nenhum tipo de plagio aos meus textos encontrados e pertencentes a este blog. Sei que você é mais inteligente e criativo do que apenas apertar (Ctrl+c) e (Ctrl+v). Muito obrigado pela atenção... Lima Araújo

Neste blog todos os textos são de minha autoria.
Impulsionado pela necessidade de expressar minhas opiniões, meus pensamentos e até meus poemas, aliando a uma ótima influência que tive de dois amigos Juba e Cinthia, criei esse blog. Soube ouvir, analisar e conclui que de fato tenho que compartilhar minhas idéias, e é muito importante que se opine sobre imagens, argumentos e acontecimentos. Os Personagens desse blog fazem parte de um mundo meu, que retrata minha personalidade e que divulga o que realmente estou sentindo ou pensando. Compartilharei aqui, sem medo de críticas alheias, meus poemas, minhas próprias críticas e situações minhas, com você e por você meu caro leitor. Muito obrigado!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

(Sem Palavras)




E quem dirá o contrário?
Você conseguiu calar um poeta.

Nos encantos e tentações, suspiros e imaginações,
eu senti você dentro de mim.

Ninguém me disse que seria assim.
Ninguém me contou que eu iria chorar.
Mas um adeus fui obrigado a dar.

Segredo de um beija-flor,
pois não se sabe, ao certo, 
quem verdadeiramente ele ama.
Se é a Rosa ou a Margarida.

Mas talvez isso seja apenas mais uma vaidade.
E que não me falte papel, muito menos caneta.
Mas que nunca seque a minha fonte de inspiração.

Quero tomar uns porres de você!
E quem dirá o contrário?
Quem irá apontar o erro?
Somos amantes literários.

Nada é real! É o que quero que pensem.
Mas só você que sabe ler as entrelinhas.
O que eu não disse e o que eu não escrevi.
Só você enxerga o que está escondido.
Vou escrever, quer um café?

Lima Araújo

domingo, 22 de novembro de 2015

Desassossego



Ainda sobre ontem,
sinto saudade...
Ainda sobre a gente,
nada mudou!

- Fique mais um pouco!

Guardei os melhores versos,
as estrofes de uma verdadeira
história de amor.
Uma história que começou
mais ou menos assim:

I

Uma inesperada surpresa
quando lhe encontrei.
Conversei e descobrir,
que talvez tivesse encontrado
o meu eu em um reflexo deslumbrante
que é você!

Parece que o tempo reservou o filme
mais sincero, mais singelo e
mais real para nos dois.

Mas nesse filme não existem apenas
mocinhos. Nem tudo é o que parece ser.
Os reflexos também costumam ofuscar
as realidades.

Mas o que é o amor se não uma ilusão,
"malditamente", confortante.

Ainda sobre a gente,
nada mudou!
Ainda sinto o seu cheiro em minha cama.
Mas minhas noites ainda são solitárias.
A saudade que abraça forte,
me conforta nas noites frias.
No escuro, imagino que estas ali.
Procuro uma peça de roupa sua
para imaginar você nua.

Nessa história não existem só
nos dois. Não existe o só!
Nem sempre, escolher é fácil.
O outro lado do rio parece
mais bonito vendo do lado de cá.

Amor, eu escrevo para você.
Quero que saiba que ainda sobre ontem,
sinto saudade...
E sobre amanhã,
prevejo um tempo nublado
sem você ao meu lado.

II

“Para minha eterna amada,
do seu eterno amor:

 Minha querida quero que saiba que esses dias sem você, não estão sendo fáceis. Não vejo a hora de lhe encontrar e novamente poder estar em seus braços. Com você, me permito ser envolvido pelos seus carinhos. Estou longe mesmo que não pareça, ou que pareça estar perto mesmo que eu não esteja, mas espero que essa carta chegue até você. Que sinta o perfume de rosas, e que as pétalas ainda estejam no meio desses papéis. Que os ventos levem o meu beijo até a sua boca. E que eu possa ouvir, mesmo baixinho, o seu suspiro ao recebê-lo.

Minha saudade tem nome, chama-se ...”

III

Desde que te vi,
ganhei motivos para sorrir.
Pense que mesmo no cansaço
descobri que seus abraços
recarregam meu ser.

Olhe bem,
vejo uma tempestade chegar.
Entenda essa história.
mas não se atrase para o jantar.

Olhe só,
é mais uma notícia ruim
dos jornais.
Nada de novo, mas não se atrase.

Será que vai chover?
Vamos assistir tv?
Na cama ou no sofá,
juntos sem ninguém a atrapalhar.

A hora é agora,
sei que demora, mas temos que acreditar.
Drama de recomeçar na hora,
na hora de recomeçar sempre tem um drama.
Uma vida inteira de compromissos.

Ainda estou te esperando,
meu cigarro está acabando.
Ficando impaciente.
Sou complicado, eu lhe disse.

Se eu quiser,
faço desse limão uma limonada.
Me disfarço de sobremesa.
Se eu quiser,
abandono meu amor...
É o que eu mais quero!

IV

Já fui menino da porteira
e de pé no chão.
Já esqueci seu telefone.
Mas se você imaginar,
pode enxergar que eu já fui.

Já fui turista,
e parece que eu não me lembrei de você.
Já errei quando sumi.
Mas entenda eu não me esqueci de nos dois.

Já fui índio e sacerdote,
já fui poeta e ainda tenho ciúme.
Que desassossego...
Mas se você imaginar,
pode enxergar o que sou.


- Fique mais um pouco!

Lima Araújo

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A chuva passou...






A chuva passou!
Lembra amor, quando era só ela que nos atrapalhava?

Eu não dormi essa noite.
E tive o desprazer em ver a noite estrelada.
Que por sinal, estava tragicamente maravilhosa.
Mas estava desacompanhando de quem eu mais queria estar.

Mas os versos são verdadeiros. É o inverso das coisas que é complicado de entender. Que nos confunde os sentimentos.
As palavras que penso em lhe dizer, não farão mais sentido.
São todas inúteis agora.
Eu lhe disse sobre o tempo.
Os instantes passam tão depressa que às vezes esquecemo-nos de vivê-los.

Falando neles... estou sempre à procura de um instante feliz.
De uma lembrança que possa me agradar no momento.
É uma tentativa que me faz pensar sobre tudo que vale à pena. Sobre tudo que dizem valer à pena.
Em meio a tudo isso, fico me perguntando se eu saberia reconhecer um instante feliz quando vivenciasse um!

Minha expectativa se transformou em frustração.
Mais uma vez, sonhar não foi o bastante...
Eu deveria ter esperando menos.
Você deveria ter esperado menos.

Não somos mais suficientes um para o outro.
Não conseguimos nos agradar, em nada.
Eu só queria conseguir lhe fazer a surpresa que tanto planejei. Não era para terminar assim, você distante de mim...

O suspiro de um desejo, o grito de um pensamento, eclodindo dentro de mim. Mas sem coragem, o reprimo a sair.
Lembra amor, quando eu escrevia para você?
Falava em versos, sobre rosas e sobre o amor.
Contava nossa história, em rima e prosa.
Era tudo tão bonito, quando nosso único problema era a chuva.


A chuva passou e levou o nosso tempo com ela. 

Lima Araújo

terça-feira, 5 de maio de 2015

Discurso do Opressor




Classes divididas, realidades distintas. Exploradores e explorados. Os detentores dos meios de produção e os não detentores dos meios de produção. Sempre em grandes discrepâncias em suas relações sociais. A teoria da evolução humana como sempre muito mal interpretada. O Estado com sua força midiática insiste em classificamos como "iguais". Somos "classificáveis", temos validade de uso. Somos meros produtos de força e consumidores em potencial. Seríamos nós, verdadeiramente iguais? Há qual ponto de vista?

Insistentemente somos condicionados a uma cultura cada vez mais "unificada", se é possível afirmar isso. Porém o que acontece é a tentativa de igualizar pessoas, igualizar costumes, igualizar mitos e entre outros aspectos específicos de uma determinada sociedade. Seria um absurdo pensar nesta possibilidade ao afirmar que somos iguais. Somos sim, seres verdadeiramente complexos, não só por sermos iguais no que somos diferentes, mas também por sermos diferentes no que somos iguais. Inseparáveis fatores culturais econômicos, sociais, biológicos, psicológicos entre outros. Mas que insistimos em separar.

Pensar que somos iguais é negar a existência de toda uma complexidade que é inerente ao ser humano. Complexo significa "o que é tecido junto", pertencente ao mesmo contexto, porém significativo em sua interdependência. "Historicamente falando, o Brasil possui um passado negro". Se esse termo não fosse tão trágico, tornaria cômico. Referimos o tempo todo utilizando a palavra ‘negro’ ou ‘obscuro’ quando queremos relacionar com um acontecimento que não foi bom ou aceitável. Um simples vício de linguagem? Ou um vício moral enraizado culturalmente?

Ao analisarmos o Brasil a pós sua abolição escravocrata não se tem registro de um ato de verdadeira abolição ao pensamento de que o negro é propriedade do homem branco. Ou seja, o negro permaneceu e ainda permanece refém de uma hegemonia classista e elitista reforçadas nos discursos do opressor. Não se pensou em políticas públicas que readaptassem o negro à sociedade. Aos direitos comuns nada foram respeitados. Um pouco mais de um século de silêncio, só depois se criou a maior, até hoje, política de afirmação inclusiva aos negros, chamada cotas. Porém reconheço sua ineficácia perante a complexidade social que vivemos. Como medida emergencial é totalmente aceitável e estimulante. Como solução de um problema mais profundo perde-se o efeito.

Seríamos iguais à que ponto de vista? Do colonizador ou do colonizado. De forma insistente o homem colonizador não aceitando, por exemplo, suas diferenças culturais, biológicas e étnicas assim com o tempo conseguiu criar uma propaganda onde transforma seres totalmente complexos em simples peças de montagens, onde cabe a cada ser uma função simplista e, o próprio indivíduo torna-se substituível.

Cria-se a estratégia de imposição de uma ditadura midiática, consumista, racista, eurocêntrica, de forma sistemática a toda sociedade. E quem ousar não seguir é excluído automaticamente por não estar nos padrões "aceitáveis", exigida por uma minoria classe que se intitula superior.

Lima Araújo


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desencontro




“Ei, aonde vai com toda essa pressa?
Esqueceu das promessas?
Eu lembro de todos os nossos planos.
Vi que já fez suas malas. Que quebrou nossos retratos.”

Todos os dias eu esperava você voltar.
Essa casa sem você fica cheia de tédio.
Estive na janela, olhando as horas passarem.
Nada na TV, os livros que tentei ler pareciam vazios.
Nada fez sentido enquanto esteve fora.

Eu até risquei seu nome da lista telefônica.
Também quebrei quadros, rasguei fotografias.
Parei de ouvir nossa música.
Tentei te esquecer.

Não consegui...
Quase enlouqueci.
E você, já me esqueceu?
Quanto tempo faz que já se foi?

Todas as noites eu deixei a porta destrancada.
Ainda resistia em mim uma esperança do seu retorno inesperado.
Que na verdade eu sempre esperei.
Onde você está?
Será que ainda guarda o presente que lhe dei de aniversário?

Foi em um dia de verão que lhe conheci.
Você estava radiante.
Com seu vestido azul, seus pés descalços.
Não acreditei a princípio que você estava correspondendo aos meus olhares.

Eu senti sua falta.
Mas você nunca foi embora de verdade...
Sempre estivemos juntos.
É que não parecia.
É que não existia mais eu e você.
Como posso dizer, passamos a ser estranhos.
 

Os dias passaram e a gente se esqueceu de amar.
Fomos sufocados com a ausência.
Você me perguntou por que nunca mais lhe mandei flores.
Eu lhe respondo, porque não lhe achei.


Lima Araújo 

Flores de outono






Um sentimento de angústia. Parece que eu perdi algo. Parece que deixei alguém para trás. Não no sentido de ter superado esse alguém. Mas sim de ter esquecido mesmo. Onde o deixei? Quem eu esqueci?

Sensação estranha. Mesmo me esforçando, não consigo lembrar de nada ou de ninguém. Talvez não fosse tão importante assim. É como um sonho. Que desesperadamente, após acordarmos tentamos nos recordar de detalhes, que a princípio nos parecem tão essenciais... tentativa inútil.

De algumas flores não lembrarei mais. Nem seus nomes, muito menos seus perfumes. De outras, talvez minha memória insista em permanecer recordando por falta de amor próprio. É como se gostasse de sofrer novamente. Já não bastam as cicatrizes? Que apesar de não mais arderem, mas ainda continuam marcando minha estética. Fazendo-me lembrar, todos os dias, de todas as flores que já murcharam em meu jardim.

As estações vão passando lentamente. Parece-me que o tempo, que sempre foi tão pontual, ultimamente anda atrasado. Será que ele anda ocupado de mais? Dizem que o presente anda flertando com o passado. E o futuro, indeciso como sempre, anda com ciúme dessa relação. Talvez o tempo esteja confuso tanto quanto eu. Acho que dessa vez, ele passará e não trará resposta alguma.

Alguns espinhos perfuraram minhas mãos. Outros o meu coração. Algumas flores que cuidei, vingaram e tornaram-se as mais lindas de todo o Jardim. Outras infelizmente não consigo lembrar. É como eu disse, talvez não fosse algo de importante para ser lembrado. Quem sabe não foi nada. E eu aqui me esforçando atoa enquanto as folhas caem das árvores, enquanto a tarde abre espaço para a bela noite que chega. Enquanto eu tento me convencer que eram só flores de uma estação qualquer, eram apenas flores que nunca mais lembrarei de seus nomes e perfumes.

Lima Araújo


sábado, 25 de abril de 2015

Amando


Uma carta eu preciso escrever.
Um poema qualquer, mas que fale de mim e de você.
Com palavras simples...

Em uma noite fria e chuvosa, apenas uma xícara de café
e o pensamento em você.
Apenas uma música de fundo...
E eu ainda espero a sua resposta.
Você é a realidade mais perfeita que minha
imaginação não teve a capacidade de criar.
O caminho sem você me parece tão difícil.
Olhe,
Você é minha fuga em tempos de crises.
É a canção que fez sucesso nesse verão.
Você é um dia ensolarado.
Uma árvore que brotou em minha vida...
Não consigo acreditar que você é minha.
Com palavras simples...
Não conseguirei lhe descrever.
Eu quero voltar aos seus braços.
Esse é para você, e sempre será.

Ainda espero sua resposta.
O que você irá fazer nessa noite chuvosa?


Lima Araújo

sábado, 4 de abril de 2015

Não somos mais os mesmos.



Eu acho que não sou mais o mesmo.
Também não vejo mais em você aquela menina que me apaixonei.
Hoje nos entregamos ao arrependimento, ao esquecimento.
E acabamos esquecendo nós mesmos.

Eu acho que você não é mais a mesma.
Não me surpreende mais o seu jeito. Não me abraça como antes.
Criamos personagens que sustentam a nossa ilusão.
E a distância nos torna cegos.

Quando estamos juntos, acabamos nos decepcionando com o que vemos.
Criei expectativas. Imaginei você de uma forma que não é mais possível acreditar. Não é mais possível atuar.
Não sou tão sínico quanto você diz.
Também tenho sorrisos verdadeiros.
Desculpe se ultimamente eles não costumam aparecer.
Mas nem sempre é minha culpa.

Onde eu estou, quando você mais precisa?
Onde meus abraços e beijos estarão, quando você os desejar?
Longe, distante de você... Por isso criamos personagens.
São-nos úteis para alimentar nossa própria ilusão.

Ilusão de acreditar que estamos “juntos”.
Que insiste em dizer que o amor ainda resiste.
Resiste às tempestades e chuvas de granizos.
Apenas ilusão que cega nossos olhos.
E zomba de toda nossa prepotência de afirmar que sabemos o que é amar.


Não sabemos mais o que somos ou que verdadeiramente amamos.
Amamos o que nos tornamos ou o que criamos para nos confortar?
Um dia, essa criação não será mais suportada.
E sentiremos a necessidade de algo mais real.
Mais perto...

Se já aconteceu para você, talvez não demore pra mim.
Um dia ainda conseguirei desejar enxergar o verdadeiro amor.
E quem sabe eu assuma que vivi em uma ilusão.
Ou assuma que amei uma personagem.

Eu acho que não somos mais os mesmos.
Nem poderíamos ser...

Lima Araújo 





sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Analogia de um sentimento melodramático

Vereda de sentimentos espinhosos, de pessoas estranhas oferecendo algo. De perigo e tentações. De pecados em seus fetiches mais íntimos, de mulheres nuas de corpo e porque não de espírito. 

Busco um perfume que me agrade, que me calce, que simplesmente me sirva. Sinto em sua pele o ímpeto do desejo, o arrepio de um toque, o calor do beijo… Mas você não é minha prometida, não é nada do que eu esperava. Na verdade você é mais, é o inesperado que no fundo eu sempre esperei. 

Sabe, tudo isso é muito complicado. A intensidade com que você me envolve me torna tão indefeso. De repente você me trás boas notícias, me inspira à lembrar de bons momentos, você é o que posso dizer, um verdadeiro Bom Dia! 

Que sentimento é esse que tento esconder, ou que pelo menos tento não dizer de forma tão explícita? Que verdade quero esconder, e de quem? De mim mesmo, ou de vigilantes? 

Já disse que um dia irei fugir de mim, e tentar existir em você. Já falei de rosas e de pedras. Já apresentei um monólogo sem platéia. Já falei do tempo, quando ele é apenas uma linha facial, pura estética. Já respondi as minhas próprias inquietações, mas não me convenci. 

Comparei o amor com uma mancha de café, na tentativa de explicar os seus efeitos. Dediquei muitos rabiscos imprudentes, na tentativa de descrever o meu inconsciente em um sopro de pura consciência. Em um sopro de inocência talvez. O que me surge no momento, são atalhos escuros, sem placas nem mapas. E uma responsabilidade de comparar o incomparável. Seria possível? 

Seria possível a criatura amar o seu criador, sabendo essa criatura, que ela foi criada com defeitos? O que seria do desejo sem o medo, ou da música sem ter quem ouví-la? O que seriam dessas palavras, se não tivesse ninguém para lê-las… o que seria de mim, sem minha capacidade de comparar? 
Lima Araújo

CONTINUAÇÃO Parte II (Carta para as minhas memórias)

No entanto, não estou só relembrando momentos bons. Acabo também revivendo dores e erros. Eu sempre me orgulhei de ter uma fórmula perfeita para não sofrer tanto com desilusões amorosas. Que constituía apenas em duas regras básicas, que falarei mais adiante, porque agora me veio na cabeça à palavra que acabei de escrever e que vocês acabaram de ler “desilusões”. Preciso falar dela, antes de falar das regras. Justamente o significado da palavra desilusão, que usamos antes da palavra amorosa acaba sendo por si só uma contradição. Se pegarmos um dicionário qualquer, teremos mais ou menos esse significado: “Ação ou efeito de desiludir”... Ou seja, é o mesmo em dizer que o amor é uma ilusão, e que por isso, quando esse amor acaba, nos desiludimos. E o amor sendo uma ilusão caracterizar-se por si só uma dor. Uma inverdade, uma criação no nosso imaginário voltado apenas para satisfazer nossos próprios desejos e necessidades pessoais. Por isso que também dizem que o amor é essencialmente egoísta. E essa afirmação tem muito fundamento, porque somos naturalmente egoístas, e o amor só é bom quando é correspondido. Damos carinho, atenção, beijo, mas queremos as mesmas coisas em troca, porque se não tivermos, não vale a pena amar. Por isso que também nos tornamos possessivos, temos medo de perder o que achamos que é nosso. Mas na verdade a única coisa que você possui, é a sua própria ilusão. Essa é só sua, e pode ser transferida, ou reconstruída a qualquer momento. Então vivemos em uma ilusão quando estamos amando. Nós iludimos com o objetivo de alcançar outra grande ilusão, a felicidade. Quando chamo a felicidade de ilusão, me refiro ao pensamento que temos em que diz “você me faz feliz”. Na verdade, é você quem permite que a outra pessoa a faça ou o faça feliz, e não ao contrário. Nós somos detentores da nossa própria capacidade de criar a felicidade, a prova disso, é que não existe receita para ser feliz. Cada um tem o seu jeito, as suas manias, os seus desejos, cada um, cria e edita a sua própria ilusão (o seu próprio mundo). Mas o perigo está, exatamente, onde cabe a parte da “nossa própria ilusão”. Exigimos que a outra pessoa compartilhe da nossa ilusão, mas não damos a ela a oportunidade de criar e editar junto com ela, apenas impomos o nosso mundo, já pronto, a essa pessoa. E esperamos que simplesmente ela aceite. E as ilusões dela, onde vamos guardar? Penso que as pessoas preferem ouvir o que querem, e não o que precisam ouvir. É assim que funciona o amor. Essencialmente egoísta, essencialmente humano, essencialmente você, eu, ela e ele. Ficamos aqui, com a minha definição do termo “desilusão amorosa”, mas não a considere se não concorda de fato. Crie a sua própria definição, edite sua própria ilusão do amor. Eu já ia me esquecendo, falei no início sobre as minhas duas regras básicas que compõem a minha fórmula para não sofrer tanto com desilusões amorosas, mas essa é outra história... Lima Araújo
CONTINUA...

Carta para as minhas memórias...Parte I

Já escrevi sobre muitas experiências. Umas vividas e outras eu apenas imaginava. Mas igualmente sentidas, até porque, não me importava se eram reais ou se eram apenas imaginadas. E mesmo que pessoas dissessem serem testemunhas dessas minhas experiências, ainda assim não podiam afirmar que elas eram totalmente reais. Eu podia muito bem estar fingindo, eu podia muito bem ser um ótimo ator. Eu podia apenas estar vivendo de aparências, e não de autênticas experiências. Mas acho que não tenho o dom da dramatização. Então o que restaria dizer, é que podia até ser real para mim, e que não era eu a fingir, nunca foi. Em minha defesa, bom, não tenho muito que dizer em minha defesa. Mas acho que nada disso adiantaria também. Reviver o passado, em busca de uma justificativa para o presente. Pesando eu que conseguirei responder as suas perguntas, inocência a minha. Assim, preciso deixar bem claro o que exatamente escrevi sobre essas experiências (que vamos agora em diante chamá-las de lembranças ou memórias) esse meu relato, acredito ser, importante. As memórias que me debrucei a escrever, que corria em busca de um papel para evitar a fatalidade do esquecimento, eram memórias ou lembranças, reais ou imaginadas, vividas ou dramatizadas, de amores intensos. Lembro-me vagamente do meu primeiro beijo, porém, lembro-me muito claramente do meu primeiro amor. Ou seja, eu cedi primeiro ao contato físico mesmo irresponsavelmente, e só depois, mas só depois eu beijei por amor. Mas o importante é perceber o que ficou vago e o que ficou claro em minha memória. Não pretendo com isso atribuir ou impor uma interpretação minha, deixarei para você a fazê-la. Eu já tive namoro que durou um dia, e outros que duraram algumas estações. Para mim, não importa o quanto é duradouro um relacionamento, mas sim, o quanto é intenso. Mas confesso, nunca amei ninguém, tanto quanto amo você, e nunca vou amar. Mas para ser sincero, no passado, agora que estou recorrendo as minhas memórias, lembro-me de um dia já ter escrito essa frase. O que hoje me faz pensar, que o amor é renovável. Mas não confunda com reciclável. Hoje não tenho mais os amores que um dia já tive. Não tenho os beijos apaixonados da minha adolescência. Parece que o hoje, está fadado a mera estabilidade. Tudo era tão intenso no princípio. Era tão apaixonante, um verdadeiro mundo novo. Agora o que é novo é esse sentimento que consome, confundi, embriaga o meu pensar. E porque ele me aparece agora? Porque não antes? Nos outros amores, não me recordo de percebê-lo, ou não de forma tão evidente quanto agora. Nesse momento que escrevo essa carta, estou revivendo, quer dizer, pescando as minhas lembranças que nadam livremente no oceano da minha consciência. Eu que não tinha dificuldade em dizer “eu te amo”, que me entregava, como gostava de dizer, “de presente pra você”. Hoje, sinto um certo problema em organizar essas palavras logo no exato momento em que as circunstâncias exigem dizê-las. Não é falta de amor, é como eu disse, pode ser o enfadonho discurso da estabilidade, neste caso até, prefiro dizer responsabilidade. Quando se ama de forma descompromissada, sem dever nada, mas devendo apenas o amor. O que estou querendo falar é sem dever horas, ou satisfações. Acaba tornando até mais intenso. Mas tudo tem o seu momento, o meu passou. O que me resta é apenas pescar as memórias. Lima Araújo
CONTINUA...



"Eu sempre visito o meu futuro... quando quero ganhar inspiração para o meu presente" Lima