O ladrão apontou a arma para mim, sem tremer e sem piscar os olhos, atirou em meu peito! O que ele não sabia, era que antes da bala me acertar, eu já estava morrendo. Com um ataque de coração! Jogou a arma no chão, e saio andando, como se minha vida não tivesse pressa. A bala acertou bem no coração que já custava ficar batendo. Enquanto a bala entrava devagarzinho em meu corpo, eu sentia uma dor imensa, a bala parou de repente, e de forma de repente também, a dor foi ficando menor. A dor que crescia dentro de mim, não era mais a dor física, e sim a do arrependimento. Arrependimento por viver em função de outras pessoas! Perdi minhas pernas, e bruscamente me ajoelhei, ao mesmo tempo fui pondo as duas mãos no meu peito ferido. Olhava pro chão, olhava pro céu, sinceramente não sabia para onde olhar, pra quem pedir pra ficar vivo. Na verdade nem sabia se queria ficar vivo ou até se na altura do campeonato, adiantaria acreditar em algo. Sei que tirei minha mão esquerda, que estava em cima da direita, trouxe-a até onde meus olhos podiam ver melhor, e vi o meu sangue escorrer sobre ela. Pensei durante o momento que estava com a mão aberta e erguida no ar, que acreditava que não estava morrendo naquele minuto, a verdade é que eu comecei a morrer quando quis viver em função das vidas dos outros. O ataque cardíaco e a bala que perfurou o meu coração, apenas foram os golpes de misericórdia, dados por um sujeito que nem amor tinha no próprio coração. Pensei em levantar a mão direita, que era a que eu sentia que segurava minha vida, por alguns minutos, mas tive medo de tirá-la e ter que ver meu coração sair sufocado do meu peito. Fui ficando fraco, já tremia as mãos, me encontrava pálido, mas dessa vez eu não cair bruscamente. Quis ser forte até o final. Meu corpo foi deitando, como se minha alma estivesse fora dele, de modo que o segurasse para não machucar mais. Minha cabeça ficou virada para a arma derrubada, e percebi que era de calibre 38, dei uma pequena e nada feliz risada. Eu tinha 38 anos! Meus olhos não queriam ficar mais abertos. O curioso é que quando eu estava tendo o ataque de coração, eu já estava começando a dormi, mas veio a bala e me fez arregalar os olhos e acordar pra morte! Acordei pra me ver sofrer pela ultima vez. Pra ver que minha vida nunca valeu nada. E que eu mesmo tinha me matado. Foi quando o despertador tocou, acordei assustado, e a primeira ação foi por a mão direita que antes segurava meu coração para não sair, agora segurava minha emoção para não me matar. Pra minha sorte, eu estava apenas sonhando...
Lima Araújo
Emocionante ")
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