Classes divididas, realidades distintas. Exploradores e explorados. Os
detentores dos meios de produção e os não detentores dos meios de produção.
Sempre em grandes discrepâncias em suas relações sociais. A teoria da evolução
humana como sempre muito mal interpretada. O Estado com sua força midiática
insiste em classificamos como "iguais". Somos
"classificáveis", temos validade de uso. Somos meros produtos de
força e consumidores em potencial. Seríamos nós, verdadeiramente iguais? Há
qual ponto de vista?
Insistentemente somos condicionados a uma cultura cada vez mais
"unificada", se é possível afirmar isso. Porém o que acontece é a
tentativa de igualizar pessoas, igualizar costumes, igualizar mitos e entre
outros aspectos específicos de uma determinada sociedade. Seria um absurdo
pensar nesta possibilidade ao afirmar que somos iguais. Somos sim, seres
verdadeiramente complexos, não só por sermos iguais no que somos diferentes,
mas também por sermos diferentes no que somos iguais. Inseparáveis fatores
culturais econômicos, sociais, biológicos, psicológicos entre outros. Mas que
insistimos em separar.
Pensar que somos iguais é negar a existência de toda uma complexidade
que é inerente ao ser humano. Complexo significa "o que é tecido
junto", pertencente ao mesmo contexto, porém significativo em sua
interdependência. "Historicamente falando, o Brasil possui um passado
negro". Se esse termo não fosse tão trágico, tornaria cômico. Referimos o
tempo todo utilizando a palavra ‘negro’ ou ‘obscuro’ quando queremos relacionar
com um acontecimento que não foi bom ou aceitável. Um simples vício de
linguagem? Ou um vício moral enraizado culturalmente?
Ao analisarmos o Brasil a pós sua abolição escravocrata não se tem
registro de um ato de verdadeira abolição ao pensamento de que o negro é
propriedade do homem branco. Ou seja, o negro permaneceu e ainda permanece
refém de uma hegemonia classista e elitista reforçadas nos discursos do
opressor. Não se pensou em políticas públicas que readaptassem o negro à
sociedade. Aos direitos comuns nada foram respeitados. Um pouco mais de um
século de silêncio, só depois se criou a maior, até hoje, política de afirmação
inclusiva aos negros, chamada cotas. Porém reconheço sua ineficácia perante a
complexidade social que vivemos. Como medida emergencial é totalmente aceitável
e estimulante. Como solução de um problema mais profundo perde-se o efeito.
Seríamos iguais à que ponto de vista? Do colonizador ou do colonizado.
De forma insistente o homem colonizador não aceitando, por exemplo, suas diferenças
culturais, biológicas e étnicas assim com o tempo conseguiu criar uma
propaganda onde transforma seres totalmente complexos em simples peças de
montagens, onde cabe a cada ser uma função simplista e, o próprio indivíduo
torna-se substituível.
Cria-se a estratégia de imposição de uma ditadura midiática, consumista,
racista, eurocêntrica, de forma sistemática a toda sociedade. E quem ousar não
seguir é excluído automaticamente por não estar nos padrões
"aceitáveis", exigida por uma minoria classe que se intitula
superior.
Lima Araújo
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